Meta x Apple x Microsoft: Comparação dos Dividendos das Big Techs

Após a Apple (AAPL) e a Microsoft (MSFT), a Meta (META) se tornou mais uma big tech a pagar dividendos aos acionistas, em um anúncio que surpreendeu o mercado e animou os investidores. Mas, do ponto de vista do investidor brasileiro, o valor pago pelas gigantes da tecnologia é relevante? E vale a pena ter uma dessas ações em uma carteira focada em proventos?

Inicialmente, a Meta planeja pagar US$ 2 por ação em dividendos por ano, equivalente a um dividend yield (DY, retorno de uma ação apenas com proventos) de 0,43%. Enquanto isso, a Apple entregou pagamentos na ordem de US$ 0,96 por ação no ano passado, com um dividend yield de 0,51%. A campeã do trio é a Microsoft, que alcançou um DY de 0,74% em 2023 após distribuir US$ 2,79 por ação.

A Morningstar estima que os pagamentos da Meta devem aumentar para US$ 3,18 por ação até 2028. No entanto, como em qualquer empresa, a remuneração nem sempre aumenta consistentemente. A Apple, que distribui lucro aos acionistas desde 1988, chegou a pagar US$ 2,95 por ação em 2013. Enquanto isso, a Microsoft distribuiu US$ 3,16 por ação em 2004, em seu segundo ano de remuneração aos acionistas.

Considerando apenas o potencial de ganhos em dividendos, as taxas são baixas quando comparadas aos padrões brasileiros. No ano passado, as líderes nesse quesito no país, Metal Leve (LEVE3), Auren (AURE3) e Petrobras (PETR4), atingiram retornos de 31,13%, 22,71% e 20,97%, respectivamente. Além disso, é necessário descontar os impostos: enquanto no Brasil os dividendos são isentos, os proventos das empresas americanas são tributados em 30% para estrangeiros, diretamente na fonte.

Mas, os proventos em dólar justificam o investimento? Para os especialistas, não necessariamente. Primeiro, porque as big techs remuneram pouco em comparação com outras empresas americanas. Em média, as ações listadas no S&P 500 têm taxas de 2% ao ano, e o maior ETF de dividendos da Bolsa americana, o ProShares S&P 500 Dividend Aristocrats (NOBL), atinge 2,76%.

Segundo, porque o foco do investimento em empresas desse tipo deve ser no crescimento de longo prazo.

Crescimento

Para os especialistas, o investimento no trio de big techs combina mais com a parte do portfólio dedicada às ações de crescimento.

“Os brasileiros têm muito essa cultura de olhar para dividendos, mas no exterior isso não é algo tão representativo. Os investidores gostam da entrega de crescimento. Não à toa as gigantes de tecnologia sempre tiveram adesão sem pagar dividendos.”
— Thiago Guedes, diretor da Bridgewise no Brasil

A empresa de tecnologia mais bem posicionada para a Bridgewise é a Amazon, que não distribui dividendos. Nas carteiras recomendadas de fevereiro, entre as casas acompanhadas pelo InfoMoney, a Alphabet, outra não pagadora, foi a que recebeu mais apontamentos.

Para a Empiricus, a Meta é um destaque, mas também pelo lado do crescimento. “Melhor um ativo de crescimento que pague dividendos do que um que não pague. Porém, não enxergo na tese das big techs um foco em dividendos, mas sim no crescimento de suas linhas de negócios, ainda mais agora com a nova tecnologia de inteligência artificial”, diz Enzo Pacheco, analista de mercados internacionais da casa.

Segundo ele, o início do pagamento de proventos pela Meta é positivo, pois indica que os negócios vão bem e o caixa está saudável, mas não significa que a gigante de tecnologia se tornará uma “vaca leiteira”, como são chamadas as empresas que focam no retorno aos acionistas.

De olho no retorno total

Os dividendos podem compor o retorno da ação das big techs na carteira, mas é preciso ter paciência. Historicamente, os dividendos desses papéis só geraram ganhos substanciais no retorno total (valorização + proventos) após 5 anos acumulados. Antes disso, a diferença não chega a dois dígitos.

EmpresaRetorno (1A)ações + divRetorno (1A) sem divRetorno (5A) ações + divRetorno (5A) sem divRetorno (10A) ações + divRetorno (10A) sem div
Apple (AAPL)23,92%23,23%365,71%346,43%1.087,22%939,51%
Meta (META)151,62%186,64%659,13%
Microsoft (MSFT)56,79%55,41%321,33%300,10%1.190,57%986,73%
Alphabet (GOOG)31,93%158,46%*
Amazon (AMZN)52,17%111,30%860,24%857,99%
Sem histórico de 10 anos.
Fonte: Economatica. Data-base: 05/02/2024.

Os dividendos são uma novidade para a Meta, mas a empresa já entregava retorno por meio de recompra de ações. Na teleconferência de resultados, a CFO Susan Li disse que “a introdução de um dividendo serve apenas como um bom complemento ao programa de recompra de ações existente.” Enquanto a Meta deverá gastar US$ 5,3 bilhões com dividendos em 2024, o montante reservado para recompras é de US$ 50 bilhões.

Pacheco, da Empiricus, acredita que, do ponto de vista do investidor, as recompras são mais eficientes. Ao retirar as ações do mercado, o investidor que tem posição fica com uma parcela maior, sem incorrer nos impostos que são cobrados pelos dividendos. “O dinheiro não cai na conta, mas a ação se valoriza, assim como a participação individual de cada acionista,” explica.

Baseado na notícia de “InfoMoney“.

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